Estar junto de alguém é uma experiência tão comum nos dias
de hoje que apenas quando estamos sozinhos ou desejando companhia é que damos o
real valor a uma conversa, mesmo que banal; a um sorriso, mesmo que fugaz; e a
um toque, mesmo que ligeiro.
Por vivermos rodeados de gente, principalmente nas grandes
cidades, habituamo-nos a cruzar com muitas pessoas no nosso caminho, sem sequer
pararmos para enxergá-las direito, conversar com elas ou apenas
cumprimentá-las. E quando o fazemos não entramos na intimidade e na
profundidade da pessoa, nem tampouco revelamos as nossas fraquezas e
fragilidades. E quando isso acontece, a união entre nós e os outros fica
desfeita, dando origem ao afastamento, solidão e depressão.
Pode parecer completamente irreal ou difícil que tal coisa
aconteça, já que a tecnologia nos ajuda a manter o contato e a proximidade com
as pessoas. Mas não há nada que substitua o calor humano, a voz escutada
diretamente da boca de alguém ou um carinho que afaga e aquece a alma.
ENCONTROS DE YOGA
AJUDAM A ACEITAR QUEM VOCÊ É
Esse é o propósito do chamado "Sat Sanga". Em
Sânscrito, língua antiga da Índia, Sat traduz-se como "verdade" e
Sanga como "reunião". Sat Sanga, literalmente, será uma reunião (de
pessoas) que buscam a verdade, ou seja, conversar sobre a real natureza do indivíduo
e a sua não-separação do todo, do universo, do pleno.
Muito comum no Yoga, o Sat Sanga clássico é dirigido por um
mestre ou professor, que devido ao seu estudo, contemplação e prática dissipa
as dúvidas dos buscadores e permite que cada um veja além do seu ego, rumo a
uma visão mais ampla de si mesmo, como uma totalidade, um oceano de existência,
sabedoria e felicidade.
Assim, o Sat Sanga é muito importante na tradição védica e
em outras tradições que privilegiam o encontro, a "reunião em boa companhia"
e o desenvolvimento interior capaz de alavancar o crescimento para o exterior,
para obras sociais, para uma abertura ao próximo em amor e harmonia.
Um amigo, Marco Peralta, também professor de Yoga aqui em
Portugal, falou certa vez acerca do Sat Sanga desta forma: "Nestes
encontros, a intenção não é ter discussões filosóficas ou conceptuais, mas sim
abraçar a vida tal e qual como ela acontece a cada instante. Através de uma
exploração aberta e livre de pré-conceitos do que acontece realmente a cada dado
momento da nossa existência, baseando-nos na nossa experiência direta da
realidade e da nossa sensação de vida. Reconhecendo-nos como a própria vida,
aceitando-nos e vivendo com mais consciência e presença o nosso dia a
dia".
COMO ACONTECEM OS
ENCONTROS?
Dentro do conceito da cultura védica, o Sat Sanga pode ter
um espaço para cânticos em Sânscrito de nomes do Divino (kirtana ou mantram) e
Meditação (upasana). Esses cânticos podem ser acompanhados por instrumentos
tradicionais da música indostânica ou ocidentais e contemporâneos. Desta forma,
é comum encontrarmos tabla e viola juntos, símbolos do encontro livre e
frutífero entre pessoas de lugares diferentes.
Quando, nestes encontros, estão grupos de amigos que se
conhecem de outras paragens, de outros hábitos e cotidianos, então essa relação
pode crescer. Pois nesse momento as pessoas poderão escutar e inquirir sobre
assuntos os quais talvez nunca tenham falado. Além disso, partilham um silêncio
meditativo ou uma exteriorização cantada, que apazigua a mente e relaxa o
corpo.
O resultado final de um Sat Sanga deverá ser um
preenchimento interno motivador que irradia em alegria e nos faz canalizar para
fora, e para todos os seres, energia positiva.
Namaste!
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